"Tenho 25 anos e sou auxiliar à 5 anos. Por circunstancias da vida só fiz o 12 ano, e cai de para quedas nesta profissão. O meu dia a dia no trabalho é um inferno, trabalho numa unidade de cuidados continuados da zona oeste do país. No meu primeiro dia de trabalho, o meu chefe (um enfermeiro reformado a recibos verdes) disse-me que os auxiliares colaboram com os enfermeiros, mas logo percebi que era mentira. Sou obrigado a fazer muita coisa que não me compete, a administrar medicação oral (os enfermeiros só deixam ao pé dos utentes, nem tiram do blister)a dar banhos sozinho, se for no chuveiro o enfermeiro limita-se a ficar a fazer a cama, de má vontade e quando a faz, mas também acontece dar banhos no leito sozinho. Nas transferências da cama para a cadeira de rodas ou o contrario nunca estão presentes, não colaboram a meter arrastadeiras ou urinois. Não deitam os doentes depois do das refeições e muitas das vezes nem a ronda de posicionamento e mudança de fraldas fazem. Nas tardes em 8 horas do turno da tarde, talvez 6h passem a frente de um computador delegando os doentes aos auxiliares. Não ajudam a dar as refeições, só dão aos doentes das sondas porque ainda nisso não nos conseguiram obrigar.
No turno da noite nunca se levantam do cadeirão para ir as campainhas e por vezes nem perguntam porque o doente tocou.
No turno da noite nunca se levantam do cadeirão para ir as campainhas e por vezes nem perguntam porque o doente tocou.
Ganho 513 euros brutos que com o desconto fica numa miseria, o subsídio de turno quase que nem existe. Sou constantemente humilhado pelos enfermeiros que praticamente tem a minha idade ou pouco mais velhos são, onde nem respeito têm por auxiliares que podiam ser mães deles e delas.
Acusam-nos de não limparmos as camas, rampas e etc, mas para eles ficarem sentados no pc temos que fazer o trabalho que devia também de ser deles sozinhos. O meu chefe nunca está do nosso lado, defende sempre os enfermeiros pois é da classe deles. Somos considerados a escumalha lá dentro, os porcos, os preguiçosos, os que só sabem estar sentados e de telemóvel na mão, mas isso não é verdade, fazemos muito lá dentro, ate mais do que nos compete.
Gostava que me aconselhassem, que me esclarecessem, é normal ser um enfermeiro chefe de auxiliares? como posso argumentar minimamente bem para não fazer algumas coisas sem os enfermeiros sem que me digam que "não quero fazer nada"? a nivel de ordenado ser que no serviço nacional de saude os meus colegas ganham muito mais que eu, que em 5 anos só fui aumentado 10 euros e que o próximo será aos 10 anos de casa e não vai além de mais 10 euros, não há nada que me ajuda a argumentar também neste aspecto?
Gostaria que se algum auxiliar que trabalhe numa unidade destas ou numa santa casa me diga se ganham o mesmo e se passam o mesmo que eu. As minhas colegas são quase todas mais velhas que eu, mas não se mexem para melhorar nada, tem medo, eu também tenho, mas quero construir uma vida e não sei como.
Adoro o que faço, a maioria dos meus doentes sao idosos e aprendo muito com eles, mas nestas situações, ando desmotivado."
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